segunda-feira, 31 de agosto de 2009

INDIE 09


APRESENTAÇÃO DO INDIE 2009

filmar, viver, celebrar

(cria-te um cinema só seu,
vai-te fantasma da agonia!
faça-se imagem,
seja belo ou não
mas seja imagético)

“O homem dotado de sensibilidade artística comporta-se para com a realidade do sonho da mesma maneira que o filósofo se comporta perante a realidade da existência.
Não são somente imagens agradáveis e deliciosas o que o artista descobre dentro de si e estuda com absoluta nitidez: também o severo, o sombrio, o triste, o sinistro, as contrariedades do acaso, as expectativas angustiantes…
a Divina Comédia da Vida com seu Inferno.” (Nietzsche em “A origem da tragédia”)

diante da página branca o escritor está só,
como nós,
desamparados, sem laços,
uma pergunta tiquetaqueia:
como expressar?
é o que norteia as mais de mil imagens que pulsarão na tela branca deste festival.

como exteriorizar os demônios pessoais em imagens e ainda co-mu-ni- car
o quê?
(que a imagem não seja apenas o reflexo daquilo que nos rejeita)
(que a imagem não seja o ódio apenas, em formato de fantasia)

pensamos muito na figura que se esvanece…
na imagem que é parte de um processo do ver/nãover
não há mais imagens possíveis?
a subjetividade se sobrepõe e o niilista chora,
está cego em meio ao excesso, não sabe como desejar
quer excomungar os fantasmas mas não entende onde colocá-los
então toma, pega pra ti!
porque
o cinema é um caça fantasmas,
uma brincadeira de criança
que percebe ali como um parque privé
passeamos enfim numa fantasia permanente (narrativa ou não)
num lugar ermo e calmo, ou tenso e frio, ou quente e sexual
de carro ou a pé, voando, ou pelo olhar da persona,
vendo embaixo da saia ou por cima da porta,
estamos em todos os lugares oníricos, bem despertos,
o cinema mantém acesa em nós uma vontade de viver
viver para ver
viver para saber porque viver
viver para entender porque o outro nos quer
viver para entender porque nos rejeita aquele que um dia nos amou

“eu filmo porque quero viver.” disse a japonesa naomi kawase
ponto. sem interrogações, sem exclamações
sem dinheiro se preciso for,
sem preconceitos,
sem restrições,
“eu filmo porque quero viver”
fato consumado
vida a seguir

e cabe ao artista tratar o sombrio,
como diz niestzche e
como o faz o francês philippe grandrieux
e cabe ao artista tratar as contrariedades do acaso,
como o faz o filipino brillante mendoza

e cabe ao artista representar pessoas e coisas como puros fantasmas, imagens do sonho
disse Schopenhauer.

cabe ao espectador, esperar
ser paciente e audacioso em suas escolhas
esperar para assimilar
esperar pela sua própria inflexão, pela sua voz
que na mente tiquetaqueia, de novo:
“eu vejo filmes porque também quero viver.”

o niilista que não dorme nos filmes,
já sonha acordado com a próxima sessão.
(f.a)

INDIE 2009
121 filmes
184 sessões
29 países
8 dias
7 salas

Indie, 9 anos
170.000 espectadores
entrada franca
belo horizonte, minas gerais
brasil


Site official: http://www.indiefestival.com.br/

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